A vivência dos seis medos básicos da humanidade é algo que acompanha os homens e as mulheres há milhares de anos, independentemente de suas nações e suas culturas.

Cada um deles surgiu de acordo com as experiências que foram se acumulando a partir da evolução humana, da convivência em sociedade e das dúvidas sobre nossa origem e nosso futuro.

Estudá-los faz com que estejamos mais próximos de compreender quem somos e nos ajuda a direcionar nossas ações para aquilo que nos inibe ou desperta emoções negativas.

Confira, neste artigo, quais são os seis medos básicos da humanidade e entenda de que forma eles podem influenciar em nossas vidas.

Como herdamos os medos básicos da humanidade?

Hill (2014) afirma que, quando atingimos a idade do discernimento, sempre somos submetidos à presença de um ou mais medos básicos da humanidade.

Mas como exatamente eles chegam até nós? De que forma herdamos esses medos e deixamos que eles nos influenciem?

Bem, o autor começa a nos explicar por meio dos conceitos de hereditariedade física e hereditariedade social, que são dois pontos de partida para entendermos quem somos e por que alguns temores fazem parte de nossas vidas.

O primeiro termo, a hereditariedade física, está relacionado ao conjunto de hábitos e características que nos fizeram evoluir através dos tempos e chegar à aparência física que temos hoje.

Segundo Hill, são muitas as formas físicas que encontramos na Terra e, mesmo que não originem os medos básicos da humanidade, elas proporcionam uma instalação mais favorável para eles.

Afinal, por meio da convivência com outros animais e da seleção natural, nós aprendemos a sobreviver e nos adaptar, identificando exatamente onde estão os perigos que já são velhos conhecidos.

A hereditariedade social, no entanto, tem total participação na origem dos medos básicos da humanidade.

Esse segundo fator é composto por todas as crenças, conhecimentos, instruções recebidas ao longo da vida e experiências pessoais que nos tornam quem somos.

Todas essas ideias são herdadas quando somos crianças e interferem diretamente na forma como nos desenvolvemos e enxergamos o mundo.

Consequentemente, essa interferência da sociedade acaba se mostrando também uma fonte para os seis medos básicos, que são: o da pobreza, o da velhice, o da crítica, o de perder o amor de alguém, o da doença e o da morte.

Os 6 medos básicos da humanidade

Abaixo, entenderemos exatamente como os seis medos básicos da humanidade se fazem presentes em nossas vidas e por que eles são tão influentes. Acompanhe!

1. Medo da pobreza

De acordo com Hill, o medo da pobreza nasce da tendência que o ser humano tem de dominar economicamente os seus semelhantes.

Se no mundo animal o domínio normalmente acontece de forma física, com os homens, que possuem a capacidade de raciocinar, ele se dá por meio do dinheiro.

O autor destaca, então, que o dinheiro é tão adorado em nossa sociedade, que não há nada mais humilhante e atormentador que a pobreza.

A origem desse primeiro medo está na desconfiança que temos em relação aos outros, provocada por experiências relacionadas à perda de dinheiro e de propriedades.

Isso faz, portanto, com que tenhamos medo de perder tudo, de sermos passados para trás, e nos impulsiona a querer acumular mais bens, despertando sentimentos egoístas e levando pessoas a violarem os direitos dos outros apenas para protegerem suas fortunas.

Hill destaca que tudo isso deixaria de ser um problema se houvesse confiança nas relações humanas e nós não tivéssemos a tendência de querer acumular muito mais do que necessitamos para viver.

2. Medo da velhice

O segundo medo básico se origina de duas fontes: a concepção de que a velhice será acompanhada pela pobreza e a aproximação que ela tem do fim da vida, despertando temores relacionados ao futuro.

Hill afirma que a associação entre a velhice e a pobreza pode ser explicada pelo pavor que os indivíduos têm de perderem seus bens para outras pessoas (a família, por exemplo) quando ficarem mais velhos, uma vez que são movidos pela desconfiança.

Já a segunda fonte tem relação com as crenças que nos são apresentadas desde criança, por causa da hereditariedade social, e instauram o medo do que pode acontecer após a morte.

Segundo o autor, muitas pessoas temem a existência de um purgatório ou de um inferno e, por isso, criam a ideia de que a velhice pode aproximá-los desses mundos tão distintos e piores do que vivem agora.

“O segundo medo básico se origina de duas fontes: a concepção de que a velhice será acompanhada pela pobreza e a aproximação que ela tem do fim da vida, despertando temores relacionados ao futuro.”

3. Medo da crítica

Hill nos revela que o medo da crítica é o mais difícil de se entender a origem, uma vez que cada grupo tem uma opinião sobre o assunto.

Enquanto uns relacionam sua existência ao surgimento da política, outros a associam à Bíblia Sagrada e às críticas que ela carrega.

Para o autor, sua origem pode estar facilmente relacionada, mais uma vez, ao fato de que os homens querem estar no mesmo patamar ou acima dos outros e, por isso, criticam ou temem ser criticados.

Com isso, esse medo acaba se instalando de uma forma que, na maioria das vezes, é insignificante e trivial.

Um exemplo simples dado por Hill nos mostra o quanto as pessoas sentem receio de serem criticadas por suas roupas e por não seguirem os padrões que estão na moda.

Para evitar isso, elas adquirem mais bens e fazem de tudo para vivenciarem as novas tendências, evitando, assim, que não sejam excluídas do que é socialmente aceito.

4. Medo de perder o amor de alguém

De acordo com o autor, o medo de perder o amor de alguém originou-se do costume que muitos homens tinham de “roubar” a mulher do próximo ou de cometer adultério, enfatizando a poligamia que muitos povos carregam.

Dessa herança social surgiu, então, o ciúme e as desconfianças, que levam muitas pessoas a ter pensamentos desgastantes e a acreditar que podem perder seus parceiros.

Para Hill, esse é um dos medos básicos da humanidade mais lamentáveis, uma vez que ele tem a capacidade de levar os indivíduos a uma loucura permanente.

5. Medo da doença

Para explicar o temor da doença, mais uma vez temos que retornar aos medos da pobreza e da velhice.

Esse quinto medo básico também se origina nas crenças terríveis que acompanham a velhice e que despertam em nós o pavor do futuro e daquilo que desconhecemos.

Mais que isso, o autor enfatiza que esse medo está associado ao surgimento de diversos tratamentos terapêuticos e à constante venda de métodos para a conservação da saúde, uma vez que, dessa forma, as pessoas são constantemente lembradas de que as doenças existem e podem chegar até elas.  

6. Medo da morte

Por fim, chegamos ao que é considerado o alvo de muitas incertezas e o pior medo de todos: a morte.

Segundo Hill, a principal fonte que leva ao medo da morte são as crenças religiosas, que, mais uma vez, nos fazem temer o futuro e a existência de outros mundos diferentes do que vivemos.

Como não sabemos de onde viemos e para onde vamos quando deixarmos essa vida, as religiões abrem portas para que encontremos respostas, sejam elas verdadeiras ou não, para nossas dúvidas.

Dessa forma, somos direcionados a acreditar naquilo que nos é repassado desde a infância e que perpetua em nossa sociedade por conta do poder da hereditariedade social.

Apesar das terríveis consequências que os outros medos básicos da humanidade podem causar, o medo da morte é o que nos lança no escuro e nos faz questionar constantemente para onde vamos e o que enfrentaremos lá.

Mesmo que este último medo seja o mais intenso de todos, cada um dos outros cinco impacta em nossas vidas de acordo com nossas experiências e nossas heranças.

O ideal é refletir sobre quais deles se fazem mais presentes, buscar suas origens em nossas vivências e entender de que forma podemos amenizá-los para que eles não se tornem uma inesgotável fonte de pensamentos negativos ou decisões ruins.

Se você gostou do meu artigo sobre os seis medos básicos da humanidade, que tal conferir também as minhas reflexões sobre as crenças que nos movem no dia a dia ou podem inibir nossas ações?

Referência:

HILL, Napoleon. A Lei do Triunfo. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 2014.